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Conquanto a psicanálise tenha tentado codificá-lo e até mesmo catalogá-lo, o sonho escapa a qualquer tipo de classificação por constituir não uma manifestação do inconsciente — este deus impessoal e prático ao qual atribuímos tantos fenómenos! — mas antes de mais nada por significar uma tentativa de aproximação do mundo divino, liame a ligar o mundo invisível com o mundo visível através do duplo astral. É preciso, pois, saber como se defender das concepções puramente intelec-tualistas que a psicanálise tenta impingir-nos.
No correr dos tempos, infelizmente, o homem enregelou-se interiormente — fato ocorrido quando perdeu a rica sensitivi-dade e a mentalidade mágica que dele fizeram o médium colocado entre o Céu e a Terra. Tendo-se tornado uma figura abstra-ta, a par de um teórico das coisas do espírito, o homem transformou-se num deserdado da pura essência do "sentir". Prisioneiro de um sistema de pensamentos falsamente intelectualistas e terrificantes, perdeu a chave da alma — a verdadeira identidade —, perda essa que praticamente lhe fechou os meios de acesso ao genuíno Conhecimento.
Para escapar à mediocridade que lhe desabou sobre a cabeça, restou-lhe o poder de contactar e de receber as forças espirituais do mundo do sonho. Desse modo, ele poderá reencontrar a primitiva função mágica — sua essência mística — e recuperar a verdadeira dimensão. Afinal de contas, o que é a vida senão um sonho terrível do qual só acordamos com a morte?
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